quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Preconceito: um ótimo tema.

Este post tem a finalidade de procurar esclarecer (ou confundir ainda mais... sabe-se lá!?) a impressão que a leitora Júlia e talvez outros leitores tenham tido sobre mim, por conta do que escrevi no texto intitulado "Notícia bombástica" (logo abaixo deste que agora lanço aqui).

Eu fiz uma brincadeira ácida sobre a falta de atenção das pessoas. Desculpem se pareci revoltada/magoada/inconformada com minha situação. Não tive a intenção de passar isso, apesar de poder tê-lo feito sem me dar conta. Inclusive, eu e essa amiga que pagou o tal mico achamos graça do ocorrido até hoje. Meu humor rascante, por vezes meio negro, é nato e muito provavelmente não tem necessariamente a ver com minha condição física... será? Bem, vejamos:

Concordo com a leitora Júlia, quando ela diz que é preciso paciência, tolerância e amor para fazer as pessoas vencerem o preconceito delas conosco e também nosso "autopreconceito", digamos assim. Mas a gente não pode negar que o preconceito existe. E não acho justo deixar de encarar a situação com realismo. A cadeira de rodas ainda não é meramente um acessório a mais para algumas pessoas que nos veem sentados nela. Nós, humanos, somos vaidosos e isso talvez nem seja propriamente um defeito, mas é, antes de tudo, uma inerência da nossa espécie. Eu, particularmente, já me interessei por alguns homens que disseram diretamente a mim ou mandaram recado por terceiros que sentiam muito, mas não ficariam com uma mulher na minha condição física. Outros homens corresponderam ao meu interesse e aí namoramos/ficamos etc. Ainda houve os que foram a fim de mim e que eu os dispensei (poderouuuusa!).

O que eu queria que ficasse claro, meus leitores, é que eu sou totalmente a favor da luta sem revolta contra o preconceito e contra a falta de acessibilidade. Tudo bem que em algumas situações precisamos endurecer, "pero sin perder la ternura!!!". Eu nunca fui andante. Portanto, não tive a experiência de saber como eu via os cadeirantes antes de eu estar na minha condição. Agora, o que eu me sinto na obrigação de fazer é nunca perder a justa medida da realidade: ou seja, tenho sempre em mente que existiu, existe e existirá em nosso meio pessoas que nos aceitam completamente, aquelas que têm um preconceito velado ou parcial (tipo: podemos ser amigos, mas nunca namorados) e aquelas que assumem seu preconceito abertamente (o que é raro).

Faço da premissa que expus a base da minha conduta e da minha postura diante da vida. Se pecarmos por falta, no sentido de minimizarmos demais o preconceito (de uma forma bem geral), perigamos nos iludir ou deixar que também se iludam os que são alvos dele e aí permitir que todos se exponham a situações constrangedoras e dolorosas. Por outro lado, o preconceito não pode e não deve ser supervalorizado, uma vez que a aceitação É o caminho para um mundo melhor (embora esta última afirmação possa parecer piegas ou meio clichê). O segredo da superação, para mim, está no esforço para conseguir manter o equilíbrio e o bom senso dentro dessa visão ampla e imparcial da verdade.

7 comentários:

  1. Eu acredito que o respeito é o caminho para o mundo melhor e não a aceitação. Voces não precisam esperar que ninguém os aceitem e sim os respeitem.
    Voce tem toda a razão quando fala sobre o preconceito. Até mesmo para mim, quando me vi apaixonada por um cadeirante fiquei muito surpresa a assustada. Mas com muita conversa e com um homem bem resolvido do lado, tirei de letra. Acho que a postura do cadeirante diante da vida e das dificuldades muda tudo. Passamos a ve-lo com outros olhos. Meu namorado nunca teve problemas com as mulheres, muito pelo contrario, sempre foi muito namorador e mulherengo...a deficiencia nunca o impediu de fazer nada e nem o fez se sentir inferior por estar sentado.
    Quando falei que a adeira é um acessorio, me refiria aos amigos e parentes do cadeirante, por esta razão usamos os termos, corre aqui, senta que vou te contar um fofoca....para estes sim, assim como pra mim acontece com a cadeira do meu amor e para os familiares e amigos dele.

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  2. Julia,

    Ih, menina... tá "dirfiço" de a gente chegar a um lugar-comum. Nem sei se vale a pena levar esse debate adiante, mas ainda tô tentada a responder. Então, vamos lá.

    A aceitação é mais que respeito. Respeitar tem a maior cara de distância, já que é sinônimo de temer, poupar, não perturbar, obedecer... E o quente da coisa para qualquer ser humano é quando todo mundo fica junto e misturado. Quem realmente aceita o outro, automaticamente respeita, zoa, apaixona-se, implica, briga, perdoa, xinga, ama, alfineta, implora, revida, transa e por aí vai.

    Quanto ao seu namorado nunca ter tido problemas com as mulheres por causa do preconceito, saquei que você não nega que o preconceito exista, mas quis dizer que seu namorado sempre soube contornar e dissuadir as meninas que o estereotipavam. Confere? Você mesma se sentiu "supresa e assustada" quando se envolveu com ele e dependeu da conversa e da conduta dele para vencer essas sensações, correto?

    Com relação à pagação de mico, sou pentelha e encarno pra caramba nos amigos (desatentos ou não). Por outro lado, meus amigos me zoam por tudo. Sempre sem estresse, numa boa. Essa troca de encarnações é recíproca e supersaudável. Ninguém sai ferido ou se sente ofendido/diminuído/magoado por causa disso, não... Eu, hein!?

    Puxa, infelizmente tô com o filme queimado contigo... sei lá, tô sentindo que você ficou com uma impressão ruim de mim desde o seu primeiro comentário, ali do post anterior ("Talves voce ainda nao venceu seus proprios preconceitos"; "Mude sua maneira de pensar."). Que isso, moça? Apesar de ser indiscutivelmente um direito seu pensar o que quiser a respeito de qualquer pessoa, lamento que tenha me julgado assim. E pior: sem mesmo me conhecer ou então saber mais a meu respeito por meio das pessoas que passaram ou fazem parte dos meus 40 anos de existência. Puxa, Julia, nada a ver!

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  3. Jesus Claudia, claro que nao tenho uma impressao ruim de voce imagina. Mesmo sendo quase impossivel me colocar no seu lugar, entendo as situações que voce vivencia, pela convivencia que tenho com meu namorado.
    E claro que nao nego que o preconceito existe, nossa, sei muito bem. Os olhares, perguntas absurdas que me fazem...Demorei um tempinho pra conseguir falar a frase, "meu namorado é paraplegico" soa ridiculo pra voce? pode até ser, mas é a verdade, puro preconceito.Mas o amor supera...o que nós temos é imensamente maior que qualquer coisa. Me expressei mal, desculpe. Longe de mim querer te magoar...eu sou assim até mesmo falando..meus amigos e meu amor sofrem comigo as vezes viu.
    Mas vamos recomeçar!Obrigada pela sua resposta.

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  4. Opa, Julia! Proposta de recomeço aceita. Vamos adiante!

    Não acho que dizer que o namorado é paraplégico soe ridículo. E imagino que você também não ache. Mas eu prefiro cadeirante, porque parece mais informal, mais aconchegante. O curioso é que tenho uma amiga (andante) que odeia essa palavra, porque ela acha que é um eufemismo imbecil para se referir aos para ou tetraplégicos, por exemplo. Pois é, Julia... viva a divergência!

    Ah! Não consigo acessar seu perfil no blog. Como poderemos continuar nosso contato?

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  5. OLÁ!

    Meu e-mail é julynunes01@gmail.com

    Aguardo seu e-mail!!

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  6. Oi Cláudia.
    Sou eu a Tania, tô de blog em blog, divulgando que a ANS, está promovendo uma consulta pública a respeito dos planos de saúde, a idéia é que as sugestões mais votadas virem lei.
    Se vc puder divulgar!!!
    Beijos
    Tania Speroni
    www.zerohora.com/sembarreias

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  7. Oi, Tania!

    Xá comigo! Podexá c'o divulgo!

    Grande beijo.

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