segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A inclusão e as diferenças.

As pessoas que usam cadeiras de rodas são seres humanos da mesma espécie das que não as utilizam. Embora essa afirmativa possa parecer arrogante, é importante que as pessoas, cadeirantes ou não, parem de associar TODAS as peculiaridades individuais de comportamento às deficiências físicas. No entanto e longe de querer ser radical, admito que é óbvio que a deficiência física interfere na personalidade e no comportamento das pessoas. Só que existe um limite para isso.

Trocando em miúdos, quero dizer que existem pessoas positivas e negativas, animadas e paradonas, divertidas e ranhetas, legais e “malas” e isso não tem necessariamente a ver com a condição física, ou até social, intelectual, econômica, religiosa, política ou sexual de cada um. Se uma certa pessoa deficiente é depressiva e vive reclamando da vida, mesmo após ter o problema locomotor por anos, ela NÃO OBRIGATORIAMENTE era feliz e bem resolvida antes de ficar nessa condição. Trata-se de uma “mala” e pronto. Por outro lado, um ser humano que está quase sempre de bom humor e fazendo piadas com a própria condição física prejudicada, não significa que esse indivíduo haja dessa forma como fuga do seu problema ou porque queira ratificar sua superação dessa maneira exibicionista. Ele certamente é um cara divertido e pronto.

Portanto, assim como qualquer SER HUMANO, existem cadeirantes obstinados por atividades físicas, aficionados por esportes, viciados em trabalho e loucos por viagens, mas também existem aqueles que preferem ficar na deles, com uma vida mais caseira, voltada a atividades intelectuais e sem grandes badalações. Sem falar nos que oscilam num meio termo entre as duas situações.

Atenção: NEM TODO cadeirante que prefere uma vida meio sedentária o faz por não ter outra opção. Idem para os que optam por esbanjar vitalidade e agitação. Aconselho os cadeirantes a serem sinceros ao declarar o estilo de vida que preferem, de acordo com suas vontades e suas personalidades e que parem de usar suas limitações físicas como desculpa para TUDO o que lhes contraria ou que deixam de realizar. Aos não deficientes, sugiro que vejam o ser humano antes do deficiente e que aprendam a separar o que está relacionado às particularidades do temperamento da pessoa daquilo que tem a ver com as marcas da deficiência.

Sem esse esclarecimento sincero e essa distinção decente das coisas, as medidas tomadas para que haja a inclusão plena do deficiente físico na sociedade vão continuar sendo, de certa forma, piegas e utópicas.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Folia sobre rodas.

Tenho ouvido por aí que o carnaval de rua está voltando. Tomara! Lembro que na minha infância, e talvez menos na minha adolescência, a gente se divertia muito na rua nos dias de folia. Semanas antes da festa a garotada começava a preparar suas fantasias, que eram feitas às escondidas para não estragar a surpresa dos foliões que iriam nos ver fantasiados. Creio que nem as noivas fazem tanto mistério com seus vestidos como nós fazíamos com nossas indumentárias de carnaval.

Os rapazes se fantasiavam de mascarado ou clóvis ou bate-bola, sendo todos esses nomes sinônimos. O grande barato desse mistério acerca da vestimenta carnavalesca era o de não sermos reconhecidos pelos coleguinhas da rua ou pelos conhecidos. E as fantasias eram belíssimas, desde a combinação de cores do macacão até a ornamentação da capa (com belos bordados em lantejoula) que completava a indumentária.

Como não poderia ser diferente comigo, eu também cismei de me fantasiar de clóvis e queria ser igualmente não reconhecida pelos outros, como todo mascarado pretendia. Mas, por motivos óbvios, essa intenção ficou só na vontade mesmo. Apesar do fato de eu ser menina e poder optar por fantasias mais femininas, como a de havaiana, baiana e odalisca, teimei em sair de bate-bola, com macacão, máscara e tudo, num certo carnaval lá pela minha pré-adolescência.

Resultado: todo mundo me reconheceu no instante em que eu botei minhas queridas rodinhas na esquina. Fiquei tirica da vida! Voltei imediatamente para casa e, para a alegria de minha mãe, vesti minha fantasia de havaiana, amarelinha, linda. Saí de novo para a rua e ainda disse para a molecada que aquele macacão de bate-bola era muito quente e que estava me sufocando... Moral da história: mais importante do que não conseguir o anonimato foi ter uma desculpa estilosa para justificar meu plano B. Modéstia à parte, isso é que é ser chique no úrtimo!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Banhos e... banhos!


Já houve várias cenas de banho entre a Luciana e o Miguel na novela Viver a Vida. Teve o banho de mar, o de piscina... Todos, na minha opinião, muito bonitos e bem apropriados até agora. Só que na última segunda-feira, dia 05/04, foi ao ar a cena em que a Luciana pede ao Miguel para ajudá-la no banho de chuveiro. Tudo estava romântico, delicado, sensual... Hummm... não sei se as leitoras que me acompanham vão concordar, mas a realidade não é bem assim. O que mais matou a cena foi o momento em que ele pergunta: “E agora? O que eu faço?”.

Gente, socorro! A intimidade do namoro das cadeirantes não é aquela coisa chocha e toda cheia de dedos, não. É lógico que cada mulher tem seus pode isso e não pode aquilo, mas antes de se chegar aos finalmentes, rola bastante descoberta. Como em qualquer namoro, o casal vai progredindo na intimidade e na hora do vamu vê a situação já está tão caliente que não sobra muito espaço para tanta indecisão. Aquela coisa mágica demais que houve entre o casal da novela na hora do banho de chuveiro, a meu ver, foi um exagero piegas. Havia pouco tesão e muita filosofia para uma hora que costuma ser tão mais intensa.

Meninas, manifestem-se para dizer se estou errada ou não. Os rapazes não podem ficar com a falsa impressão de que existe aquele tédio todo em nossa intimidade. Vai que isso espante nossos pretendentes? Vamos deixar bem claro que nós somos muito mais transpiração do que aquilo que foi mostrado na cena do banho de chuveiro da Luciana com o Miguel.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Cadeirantos e cadeirantas.

Fiz uma visita ao blog do Alessandro e deixei um comentário sobre um post dele. Gostei tanto do meu comentário, que meu narcisismo gritou e tive que publicar meu pitaco aqui também.

Vamos a ele:

Alessandro,

Você abordou uma questão ótima. Outro dia mesmo eu estava comentando com um amigo sobre as diferenças entre cadeirante macho e cadeirante fêmea. Existem vários prós e contras de uma condição e da outra. Você falou sobre a questão física e um pouquinho sobre a sexual. Concordo com o que você expôs. A força física dos andantes machos que namoram cadeirantes fêmeas realmente facilita muito a vida do casal. As mulheres tendem a ser mais leves. E ser carregada no colo tem todo aquele glamour romântico e delicado, que ainda por cima evita arranhões na vaidade de ambos.

Quanto à questão sexual, você está certo mais uma vez: as meninas buscam outras áreas erógenas; ao passo que os meninos não têm outra opção e não podem apelar para um plano B na hora da “performance”. Se para um homem “normal” a coisa nem sempre funciona como o planejado, para um lesado medular o esforço e a concentração na hora do “venha cá minha nega” precisam ser ainda maiores. A verdade é que para tudo se dá um jeito e a coisa acaba fluindo quando o casal está envolvido. A vontade de estar juntos e de namorar estimulam a imaginação e fazem manifestar um poder de resolução na gente que ninguém segura. Ai, Jujus!

Uma situação delicada é iniciar uma relação amorosa. As mulheres são naturalmente ou culturalmente (vai saber!) mais cuidadoras e menos vaidosas com a aparência dos seus parceiros. A vaidade da mulher está mais ligada à própria imagem. Já a dos homens está mais relacionada à aparência da parceira deles. É evidente que isso não é regra, mas percebo que os cadeirantes machos têm mais facilidade para “se arranjar” do que as meninas na mesma condição. O interessante é que essa constatação não deixa de ser uma extensão do que ocorre com a relação entre homens e mulheres de uma forma geral. Portanto, não seria uma circunstância específica da nossa classe. Pesando vantagens e pequenos prejuízos, creio que “cadeirantos” e” cadeirantas” racham um meio a meio bem justo.

Beijão para você!

Claudia.